Antigamente não existia esse negócio de assédio sexual. Quer dizer, existir, existia, mas não dava rolo.
O roloera coisa da sociedade americana do norte, com suas influências bretãs e irlandesas.
Foi lá que as mulheres começaram a votar e a reclamar seus direitos. Com toda a justiça.
Veja o caso do Mike Tyson, por exemplo. Pegou três anos de cana porque uma moça subiu ao quarto dele, às duas e meia da manhã. O que achava que o Tyson queria com ela? Jogar buraco? Eu não entraria no quarto daquele crioulo nem de dia. Deu no que deu. A mocinha inocente disse que viu a coisa preta e pôs a boca no, digamos, mundo e todos sabem o que aconteceu.
Se fosse o Maguila não seria preso. Isso naquele tempo. Porque agora, com essa nova mania de querermos ser primeiro mundo, a moda pegou de vez aqui no Brasil. Cuidado homens. Uni-vos. Tudo agora está sendo considerado assédio sexual. Melhor nem sair mais de casa.
Os jornais não falam noutra coisa. Dentro em breve todos os grandes jornais, ao lado dos cadernos de política, economia, esportes, vão ter o seu caderno ASSÉDIO.
O caso do Wanderley Luxemburgo, por exemplo. Parece-me que era a pedicure que estava pegando no pé dele. Ele fazia as unhas do pé. Um homem que faz as unhas do pé não me parece tão ofensivo assim. Mas não foi o que a moça disse por aí. É provável que ali, num quarto de hotel o técnico bastante ofensivo tenha dado uma cantada na menina. Você viu a foto dela no jornal?
Então, que fique claro que, agora, dar uma cantada chama-se assédio sexual e pode dar cana.
Aí surgiu no sábado outra menina, esta menor, dizendo que o mesmo craque havia dada uma cantada nela. E quer justiça.
Eu fico pensando onde é que isso vai parar. Se parar, é claro.
Os juízes brasileiros precisam fazer logo um concílio para definir as novas regras do jogo. O que pode e o que não pode. Uma espécie de catálogo para ajudar nós homens e proteger as mulheres.
Por exemplo: piscar. Piscar pode? Pode ser que possa, mas se piscar e puser a linguinha para fora, tá ferrado.
Tirar para dançar e dançar de rosto colado? Rosto colado pode ser que não seja crime, mas colar a parte de baixo, será baixaria.
Colocar um cigarro na boca e pedir fogo para a mulher. Pode ser mal interpretado. Muito cuidado. Não vá pondo a mão no fogo por qualquer uma.
Mandar flores pode. Mas cuidado, muito cuidado, com o que você vai escrever no cartãozinho. Um cartãozinho pode lhe valer um cartão vermelho e alguns anos de prisão.
Na praia, oferecer um sorvete para ela chupar. Aí depende de como você vai sorrir ao usar a palavra chupar. Principalmente se o sorvete for de pauzinho. E não use, nunca, a palavra lambidinha.
Ao comprar camisinha de uma moça, na farmácia, deixe bem claro que você está perguntando se ela tem camisinha é para vender. Ela pode interpretar mal.
Encostar o joelho na passageira do lado. Pelo amor de Deus, nunca mais faça isso. Além da bolsada, um processo imenso.
Claro que eu não preciso dizer aqui que aquela história de convidar a dengosa para ver a coleção de borboletas já é coisa do século passado. Pior ainda é você pedir para ver a borboleta dela.
Se formos pensar bem, pedir em casamento é o maior dos assédios sexuais. Porque fica claro, definitivamente, as suas intenções sexuais com a mocinha. Convém, como antigamente, mandar o pai da gente fazer o serviço.
E não saia por aí dizendo, a torto e a direito, para nenhuma mulher, que ela é linda. Mesmo que ela seja horrorosa como algumas dessas ingratas que estão reclamando na Justiça.
E você, minha amiga leitora, não me venha chamar de machista que isso sim, pra mim, que é assédio sexual.
Como diria o mestre Aurléio, assédio é um "cerco posto a um reduto para tomá-lo". Precisamos saber, agora, o que é um reduto.
Voltemos ao Aurélio. Reduto: "recinto construído no interior de fortaleza para aumentar a resistência desta".
"Ficamos" assim, como dizem os jovens. Que "ficam" e ninguém reclama.
Mário Prata.